Numa decisão tomada ao domingo, de forma abrupta, e sem nenhuma discussão pública prévia, o Governo decidiu nacionalizar o BPN, em risco de falência iminente, devido a um buraco de 700 milhões de euros.
Para garantir os depósitos dos clientes, há um fundo próprio, pelo que não havia necessidade de proceder a nenhuma nacionalização.
Para evitar o efeito de contaminação e o abalo na confiança pública nos bancos, bastaria dizer-se que o BPN representa apenas uns escassíssimos pontos percentuais de todo o sistema bancário.
Se um sistema – qualquer que ele seja – se reduzir em uns poucos pontos percentuais, isso não põe em causa tudo o resto. Bastará afirmar-se e provar-se que os restantes 90 e muitos estão fortes.
Os números são o melhor dos álibis.
Há uns dias, porém, ficámos a saber que afinal o buraco não era de 700 mas sim de 1800 milhões de euros. Um pequeno erro de estimativa…
Sobre o primeiro facto, ainda ouvi as justificações dos responsáveis que, na altura, - e sem contraditório público – até me convenceram. Do segundo, já nem sequer ouvi qualquer explicação. Ou seja, sobre 1100 milhões, parece que ninguém se sentiu compelido a uma justificação. Segundo li, também, aquela cifra representa metade do custo do novo aeroporto…
Já sabemos que os números a partir de certos valores perdem verosimilhança...
Hoje, porém, e após anos de aperto e de se andar literalmente a rapar o tacho, por vezes de forma quase miserável, parece que, além de verosimilhança, os números deixaram de ter qualquer valor…
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