27 de abril de 2008

Passa ao outro e não ao mesmo...

Faço natação duas vezes na semana. A piscina é pública mas a gestão é privada. A segurança também é privada. Temos, então, três entidades envolvidas na coisa: uma, pública, proprietária da infra-estrutura. Outra privada, para gerir o serviço. Outra ainda, também privada, para assegurar a vigilância. Gostava imenso de saber quais são os valores envolvidos nisto para perceber se não seria mais rentável a entidade pública assegurar também a gestão e a vigilância. Tenho uma ideia, claro, mas deixemos isso. Embora ache que o Estado se está a retirar demasiado de muitas funções e a alienar outras para as entregar, por pura ideologia, aos privados, não tenho sobre isso qualquer preconceito original. Quero é qualidade de serviço, quer seja público, quer seja privado. Mas também não sou dos que acha - do que conheço e lamento imenso dizê-lo - que o sector privado preste globalmente melhores serviços do que o sector público.
Num dia destes, fui à piscina já encostado aos limites do horário. Fiz os meus 45 minutos da praxe, tomei banho e saí cerca de 15 minutos para lá da hora. Note-se que, da hora para a frequência da piscina, não da hora para sair das instalações. Pois há sempre um hiato entre a saída da piscina e a saída das instalações. E que tem a ver com a permanência no balneário para tomar banho, vestir, secar cabelo, arrumar as coisas, etc. Um pouco à semelhança dos supermercados. Fecham no horário estabelecido. Não deixam entrar mais ninguém, mas os que estão acabam as suas compras, pagam e vêm-se embora.
À hora da saída, a recepcionista já não estava. E eu precisava de recuperar o meu cartão, trocando-o pelo cartão do cacifo do balneário. Questionei o segurança que me disse: «eu aí [no balcão da recepcionista] não entro». Questionei uma segunda vez e levei com idêntica resposta. Sem mais, entrei pelo balcão e dirigi-me, sob o olhar do segurança, que não fez qualquer esforço para o impedir, ao local onde estavam os cartões, recuperei o meu e saí. Pelo meio, soltei uns comentários sobre a excelência do serviço mas o homem nem tugiu, nem mugiu. Acho que nem sequer percebeu o alcance dos mesmos. Para fazer o que ele (não) fez, um cão serviria perfeitamente e saía seguramente bem mais barato à empresa de segurança…
Ora este tipo de comportamento, que nem sequer vou comentar ou dissecar, por não valer a pena, não se regista hoje nem nos piores serviços públicos que conheço…

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20 de abril de 2008

Entre pensar e dizer…

De uma modorra anódina e formalista em que todos são inocentes a menos que sejam apanhados em flagrante delito, a Justiça enveredou, nos últimos tempos, por uma atitude proactiva em que é ela própria que levanta suspeições sem que apresente factos ou provas! A deriva verbal é ao nível, por vezes do jornalista, por vezes do cidadão comum no café, por vezes até do taxista da Pólis. Às vezes com polimento, outras sem ele sequer. Até porque não precisa de o ter, já que a Justiça é quase um estado dentro do Estado. E não tem qualquer tipo de controlo democrático instituído. Desta vez, de forma capciosa e sibilina, foi Maria José Morgado, que se referiu, a propósito da corrupção, às relações entre os políticos e as grandes empresas. A declaração não era inocente e era óbvio o caso recente a que se referia sem se referir! Ora, se já o cidadão comum, se o pensa, nem sequer sei se o deve dizer, porque não se deve conspurcar ninguém sem provas! Ela, então, enquanto procuradora, só o pode pensar, mas não o pode dizer! E pode e deve é investigar e trabalhar! E só devia – não fora essa figura de retórica chamada segredo de Justiça - prestar declarações aos jornais para explicar casos concretos com factos e provas. E não para dar opiniões sem nenhuns factos ou provas. Que independência há que esperar de alguém que naquelas funções se comporta assim!? É claro que a maioria dos que ouvem bate palmas. Mas não devia, porque o Ministério Público deveria ser o último bastião contra a calúnia, a inveja, a aleivosia, a infâmia, a afirmação sem prova…

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15 de abril de 2008

A democracia directa

O Presidente da República (PR) está na Madeira em visita oficial onde não existirá qualquer recepção ou sessão solene na assembleia regional. A visita será toda acompanhada por Jardim, na qualidade de presidente do governo regional. Recorde-se que Jardim governa a Madeira com base numa maioria parlamentar da qual depende. Jardim presta, por isso, contas à assembleia regional. É isto que é democrática e institucionalmente adequado. É evidente que a Madeira vive há muito numa espécie de democracia directa fundada numa relação personalista entre Jardim e o eleitorado. É este um dos perigos das maiorias absolutas: a menorização das assembleias, órgãos por excelência da representação popular. Jardim faz obra e os madeirenses toleram-lhe tudo. É uma atitude de uma certa menoridade democrática mas apesar de tudo regionalmente compreensível mercê de anos de semi-abandono. Há infelizmente outros casos a nível local. Porém, o Presidente da República não lhe deve tolerar tudo! Porque o PR é o garante do regular funcionamento das instituições. E de entre essas instituições está, na Madeira onde vai, também e sobretudo a assembleia regional. E vai em visita de Estado onde tolera ser acompanhado pelo órgão executivo, essencialmente personalista, e não ser recebido pelo órgão legislativo, essencialmente representativo. E ainda por cima num clima em que isso é brandido como uma espécie de troféu de caça por parte do presidente do governo regional com afirmações grosseiras e boçais. Jardim disse, referindo-se aos deputados insulares, entre outras coisas, que o envergonha apresentar «aquela gente». A mim pessoalmente envergonha-me que um governante eleito do meu país diga uma coisa dessas. Mas isso – claro está – é uma questão de perspectiva...

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12 de abril de 2008

O Português da CML...

Uma coisa é não pôr, outra coisa é pôr mal, outra é ninguém ter reparado, outra ainda é aquilo ter lá continuado... E depois a grande preocupação é o acordo ortográfico...
Foto - Pólis&etc., com telemóvel...

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7 de abril de 2008

Mário, Mário, Mário, Mário Crespo...

Não vou discutir este artigo. Mas alguém devia perguntar ao Mário Crespo se viu o vídeo até ao fim? E se o viu, se percebeu que a aluna no final conseguiu recuperar o telemóvel? E se percebeu que depois de a aluna ter recuperado o telemóvel, o problema, pelo menos com aqueles contornos, terminou? E, por último, se não acha que a professora devia ter pedido ou até mesmo ordenado que a aluna desligasse o telemóvel ou que o colocasse em cima da mesa dela?
O problema é que a atitude de parcialidade do articulista – que é apesar de tudo nessa qualidade lícita – transparece na sua atitude enquanto jornalista e pivô, nos incontáveis debates sobre o tema, que promove na SIC Notícias! E isso é absolutamente intolerável.

Foto - Retirada daqui.

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5 de abril de 2008

Janelas abertas

Os fins de tarde de sexta-feira são os meus preferidos. A semana já passou e o fim-de-semana ainda não chegou. E há a perspectiva de dois dias de ausência das rotinas habituais. Ademais, nos últimos tempos, do ponto de vista profissional, as minhas tardes de sexta-feira são geralmente mais calmas do que as outras. A tarde foi calma e o final dela ainda mais.
Ao princípio da noite, estava na zona das Avenidas Novas e decidi-me, apesar de carregar com a omnipresente pasta, a encetar a pé o caminho para casa. O trajecto ainda era longo, mas a noite estava cálida e agradável. E apeteceu-me fazê-lo. Além do mais, queria tricotar umas ideias e andar a pé ajuda-me a fazê-lo. O ideal é junto ao mar. Na falta dele, porém, a cidade tem de cumprir essa função. Não tão bem, porque, sobretudo na malha urbana consolidada, me solicita muito. Os apelos são variados e amiúde dispersam-me a atenção. Acabo não a escalpelizar um assunto mas a fazer pequenas análises de um amontoado de pequenos assuntos suscitados pelo que vou vendo. Do tricô a que me propus, resultou, pois, como sempre, uma espécie de manta multicolor. E um dos quadrados da manta é este.
A calidez da noite trouxe muita gente à rua. Fui-me cruzando com pequenos grupos que conversavam. Uma parte da cidade pedia rua e não queria voltar a casa. A dado passo, dou com o olhar num prédio do princípio do século passado em que um dos andares ostentava as suas várias janelas e portas de acesso a varandas abertas de par em par… Pude então ver a decoração interior. Era moderna, minimalista, mas com algum bom gosto. A frontaria era larga e fui vencendo os metros olhando o interior das várias divisões. Até que numa delas dou com uma tira verde e amarela disposta na parede com a palavra Brasil… Olho depois, à esquerda e à direita, para as outras janelas dos outros prédios daquela rua… E aquelas eram as únicas abertas…

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3 de abril de 2008

Escolas da Pólis 2008

1. Há crianças de 6 anos que levam pistolas de 6,35mm e de 9,00mm para as escolas (atenção que este calibre é um calibre de guerra; nem a PSP utiliza este calibre);
2. Há pais que dizem: leva esta arma para te defenderes;
3. Então as facas são às centenas.
?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!??!?!?!??!?!?!??!?!?!??!?!?!??!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?
Respigo de memória as declarações do PGR em Belém, hoje.
Se alguém que não conhecesse a Pólis ouvisse isto, acharia que tinha sido dito por um taxista ou pelo PGR?!
E onde é que pensava que estaria?!
É claro que enquanto isto se passa, a criminalidade – a velha e a nova – continuam sem que se veja actuação assim tão firme e declarações assim tão musculadas e desbragadas por parte de um dos principais responsáveis pelo seu combate...
É claro que eu enquanto cidadão quero saber quantos casos são esses, como aconteceram, onde aconteceram, quantas vítimas fizeram e o que representam percentualmente no todo das escolas.
É claro que o abstruso segredo de Justiça não o vai permitir, mas permite que se digam estas alarvidades que por serem ditas por quem foram e onde foram são necessariamente generalizadoras. É claro também que por serem ditas por quem foram, pouco juízo crítico se vai exercer sobre elas. E nenhuma autoridade – os verdadeiros órgãos de soberania da Pólis: AR, PR e Governo - vai exigir que o PGR se explique e mostre tudo o que tem. A coberto da independência absoluta de que goza, a Justiça, agora pela mão do PGR, além de ineficaz é também alarve…
Nota (a 6-4-2008) - puxo para aqui uma indicação da Maloud que agradeço e que me parece ajudar a contextualizar as declarações do PGR...

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